terça-feira, 27 de maio de 2014

DISCO NA ÍNTEGRA - 11 FAIXAS


Gravado em Brasília, em 2009, e produzido por João Ferreira.

Link para ouvir no SPOTIFY:

https://open.spotify.com/album/5tkajck2vFr4vIZPbAlFsJ


01 - No chão do Abá (Fábio Carvalho)


Iê! Abápe oúr paranã suí?
Iê! Abápe oúr ybýtínga rupí?

Iê! Quem vem lá? Lá no meio do mar?
Iê! Quem vem lá? Lá na praia ancorar?

Prepara o arco que o barco parou
Quem será, Criador?
Repara na cara de quem chegou
Quem será, Criador?

Tem negro chegando cantando de dor
Batendo tambor pra dor agüentar
Tem branco descendo erguendo uma cruz
E um brasão quer reluz a intenção no olhar

Avisa a aldeia alheia vivendo
Vai mudar, já tô vendo
A fauna e a flora, avisa correndo
Vai mudar, já tô vendo

Vai ter guerra, ter saque, ataque, tapera
Vão subir a serra e aqui povoar
Mistura de raça que passa e altera
O cheiro da terra e a cor do lugar

No lombo do morro, que lombo será?
Angola Janga terá!
No invisível da mata, impossível chegar
Maloca, oca terá!

Igrejas e vilas serão espalhadas
E a água salgada outros povos trará
Culturas e vidas serão registradas
E um dia cantadas pra história contar

Depois da chegada dos barcos no mar
Primeira esquadra no chão do Abá!


Voz Fábio Carvalho e Uliana Dias
Violões, caxixi e triângulo João Ferreira
Flautas Thanise Silva
Pandeiro Guto Martins
Berimbau Pedro Ferreira

02 – Outras canções (Fábio Carvalho)

                                            
Quando pulsar, os corações
Mulher, irão soar
Vamos cantar outras canções
Cantar como nunca ainda
Que coisa linda, que coisa boa!

Quando atinar a pulsação
Meu bem, essa tristeza
Tenho certeza, vai acabar
Porque um dia em qualquer lugar
Verás quem quer que seja
Desejar a quem deseja
A qualquer um
Felicidade em comum
O resto é o que menos importa
Sem preço e ponto
É o começo, é o encontro
É a liberdade


Voz: Fábio Carvalho
Violão: João Ferreira
Contrabaixo: Eduardo Belo
Flautas: Thanise Silva
Caixa, chimbau e surdo: Pedro Ferreira

03 - A cor do sinal (Fábio Carvalho)



Eu pretendia cantar a alegria
E assim te agradar, e agradaria
Eu pretendia cantar o que te faria sorrir
E assim festejar, só divertir

Porém, meu bem, entenda
Não me leve a mal
Se o tempo fechar e cair um temporal
Porém, meu bem, entenda
Não me leve a mal
Se de repente eu mudar
A cor do sinal

Eu pretendia cantar a rebeldia
E assim provocar sua apatia
Eu pretendia cantar o que eu contesto
E assim te alertar, cantar em protesto

Porém, meu bem, entenda
Não me leve a mal
Se o tempo abrir depois do temporal
Porém, meu bem, entenda
Não me leve a mal
Se de repente eu mudar
A cor do sinal


Voz: Uliana Dias
Violões: João Ferreira
Contrabaixo: Eduardo Belo
Viola clássica: Aletéa Cosso

04 - Sem uma lágrima sequer (Marina Tavares/Fábio Carvalho)



Me diz como compor um chorinho
Sem uma lágrima sequer
Quem sabe não me deixa aqui sozinho
Meu choro não deságua porque quer

Eu choro feito aquele passarinho
Bem te vendo, juro a ti, anunciando teu cantar
Porém, eu te confesso, eu te confio
Olha, o meu canto não carece enxugar

Eu vou mudar o nome disso
Eu vou criar um reboliço
Com a turma do água e sal eu vou mexer
Troco “choro” por “sorriso”
Eu mesmo é que batizo
Até uma gota dos meus olhos escorrer


Voz: Uliana Dias
Violões e cavaquinho: João Ferreira
Flauta: Thanise Silva
Pandeiro: Guto Martins

05 - Lua Amarela (Fábio Carvalho)


Ô, lua amarela, vai, diz a ela
Engrandece o teu luar
Ô, lua cheia, conta, clareia
O que tenho a declarar

Meu violão, mesmo cansado
Mesmo entocado estende a mão
Hoje mesmo
Estendeu a mão a mim
Como quem não vem à toa
Compor a sorte assim
Cadenciando a inspiração

Ah, o meu verso mesmo contido
Mesmo sentido, poetiza
Hoje mesmo
Chegou poetizando a rima
Como a flor ao se por à vista
Tatuada na retina
Ilustrando qual visão


Voz: Ana Reis
Violão, cavaquinho e ganzá: João Ferreira
Violão 7 cordas: Lucas de Campos
Tamborim, pandeiro, tantã e surdo: Guto Martins

06 - Quando o samba termina (Fábio Carvalho)



Que beleza, que beleza
Essa gente que canta
Canta fácil
E vai, vai de samba
Ao som do pandeiro
No tom da viola
E o tamborim na cola

É pena, quando o samba termina
Cada qual segue um caminho
E o verso, o verso cantado
Em coro entoado
Não serve como conselho
Não serve como recado
Aos descompassos da vida
Ao desamor ensaiado

É assim, quando o samba enfim
Resolve descansar
Quem cantava esquece o que cantou
E os mesmos contratempos, desencantos
Desencontros, quebrantos
Continuam a existir
Apesar dessa gente sorrir
Ao cantar e o verso trair

Voz: Luciana Oliveira
Violão, cavaquinho e ganzá: João Ferreira
Violão 7 cordas: Felipe Pessoa
Pandeiro, tamborim, tantã, repique e surdo: Guto Martins
Coro: Fábio Carvalho, Luiza Ceolin e Tyayro Pimenta

07 - Roda não tem patente (Fábio Carvalho)



És roda herdeira da batucada
És filha do bom batuque

Vamos abrir a roda
Quem quiser pode chegar
Roda não tem patente
Não tem quem tente capitalizar
Roda não tem patente
Não tem dono, nem gerente
Para capitalizar

A velha batucada
Deu a luz à folia
E batizou a festa
Na palma da melodia

O velho e bom batuque
Fez jus ao nascimento
E convidou o coro
No tom do agradecimento

Vamos abrir a roda
Roda não tem patente
Vamos abrir a roda
Roda não tem dono, nem gerente

Desde quando é cultuada
Custa nada, preço não há
Basta marcar na mão
E um refrão apreciar

Já que o sistema é bruto
E o lucro virou mania
Salve tudo nessa vida
Que invalida a mais-valia


Voz: Luciana Oliveira
Violão, cavaquinho, ganzá e palmas: João Ferreira
Violão 7 cordas: Adonias 7 Cordas
Atabaque e palmas: Pedro Ferreira
Tamborim, prato e faca, pandeiro, tantã, surdo e palmas: Guto Martins
Voz e coro: Fábio Carvalho
Coro: Luiza Ceolin e Tyayro Pimenta