“Abá” significa “pessoa” em tupinambá. Era assim que os tupinambás se referiam a qualquer um antes de sua língua ser extinta, antes deste povo não poder mais cantar como provavelmente já cantou um dia. Cantar com os pés no chão que o pertencia, não por ser próprio, mas por receber a pisada e permear a raiz cultivada, a raiz cultuada. Cantar e ao terminar a cantoria fazer jus ao canto entoado: lidar com a vida, vivenciar a lida, domesticar o tempo e acreditar no que faz sentido acreditar.
terça-feira, 27 de maio de 2014
10 - Estrada afora (Fábio Carvalho)
Conta, quem viu passar
Pisar, calejar, rasgar o chão
Nação, sertão e mar
Foi lá, sumiu na ponta
Conta, quem viu sumir
Seguir, guiar o vento
Rebento de um céu aberto
Liberto que volta e conta
Conta que a tristeza é passageira
Passa e passa para anunciar
Olha a natureza à sua maneira
Cai a chuva, sai o sol em seu lugar
Conta que o medo de não ser
É não ver que após a chuva o sol tá lá
Deixa, deixa acontecer
Quem não vai não tem o que contar
Conta que a intuição passeia
Ora aperta, ora solta o coração
Olha, quando o pássaro alteia
Nem sempre o vento sopra a direção
Conta que o medo de não ser
É ave que não voa se ventar
Deixa, deixa acontecer
Quem não vai não tem o que contar
Voz: Fábio Carvalho
Violões e triângulo: João Ferreira
Flautas: Thanise Silva
Contrabaixo: Eduardo Belo
Zabumba: Pedro Ferreira
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